“Nha fala” é este o nome da exposição individual, do fotógrafo, Abdel Queta Tavares que inaugura esta sexta feira, na Galeria Underdogs, em Lisboa. Um projeto composto unicamente por retratos, a maioria de estranhos, que abordou na rua.
O fotógrafo guineense, Abdel Queta Tavares, tem 27 anos e é um autodidata no que toca à fotografia. Sem vergonha, nem preconceitos, para Abdel o mais importante é retratar-se, a ele próprio em fotografias, através de outras pessoas.
A viver em Portugal há vários anos, Abdel acaba de inaugurar a sua primeira exposição a solo, “Nha fala”, expressão em crioulo que significa em português “Minha voz”. É isso que mostram os retratos do fotógrafo, a voz de Abdel Queta Tavares.
O Orientre esteve na inauguração da exposição e estivemos à conversa com Abdel que nos desvendou como surgiu este gosto pela fotografia: “sempre gostei de fotografia, mas em 2010 comprei uma máquina pequenina e fazia auto retratos que editava e partilhava nas redes sociais. As pessoas gostavam e comentavam, perguntava que câmara usava e quem me tirava as fotos”, revelou.
Um apaixonado pela fotografia, Abdel refere que a inspiração é muito importante para quem fotografa. Para além das pessoas que vai encontrando na rua, o fotógrafo é inspirado pela música, pelos sorrisos, pelas expressões e pelas cores com que se depara.
Mas atenção, Abdel não fotografa qualquer tipo de pessoa “A maioria das pessoas que eu fotografo são pessoas que eu não conheço, cruzámo-nos na rua, mas que desde logo sinto que há um clique entre mim e aquela pessoa, somos parecidos em alguma coisa”, desvendou.
Os retratos expostos na Galeria Underdogs, em Marvila, foram feitos entre Londres e Lisboa. Para Abdel esta é a concretização de um sonho “estar aqui hoje é um sonho. Estou muito feliz, porque não é fácil ser artista. Muitas vezes, as pessoas não aceitam as coisas como foram pensadas. Tudo o que um artista faz, tem um significado. Estou orgulhoso de mim mesmo”, confessou Abdel visivelmente emocionado.
Em 2016 mudou-se para Londres e foi aqui que a sua vida deu uma volta de 360º. Descoberto numa loja de Shoreditch, pelo fotógrafo britânico David Cantor, que ficou fascinado com a sua roupa e o seu chapéu vermelho (adereço que nunca dispensa), e lhe pediu para tirar o seu retrato. Essa mesma fotografia acabou por ganhar o Taylor Wessing Photographic Portrait Prize, um dos prémios de fotografia mais prestigiados no mundo, tendo sido apresentada na National Portrait Gallery e em muitos outros locais em Londres.
A exposição de fotografia estará patente no número 46 da Rua Fernando Palha, até ao próximo dia 30 de março. A entrada é gratuita.