Em meados dos anos 50 do século passado, a Fábrica de Gás da Matinha, localizada na zona oriental de Lisboa, era a responsável por dar gás à vida dos Lisboetas.
Para contarmos a história da Fábrica de Gás da Matinha, primeiro temos de falar na malfadada Fábrica de Gás de Belém: localizada mesmo em frente à Torre de Belém, esta Fábrica era um estorvo tão incómodo para os locais que o governo de Salazar decidiu desmantelá-la para que a população pudesse apreciar uma vista desafogada para este ponto histórico tão importante para a identidade nacional, assim como para o Tejo.
Após tomada a decisão de encerrar a Fabrica de Gás de Belém, surgiu então a necessidade de encontrar um local alternativo para a produção desta preciosa fonte de energia. Após vários estudos, foi decidido a que uma nova Fábrica viria a ser construída na zona oriental de Lisboa, polo de intensa produção industrial.
Foi assim projetada a nova Fábrica de Gás da Matinha: uma instalação moderna, capaz de alimentar toda a cidade. As obras começaram em 1939 e incluíam a construção de 4 gasómetros, 15 km de canalizações, uma pequena doca e o edifício principal da Fábrica.
Tudo isto ficou concluído em apenas 1 ano, embora o início da segunda guerra mundial tenha adiado a sua inauguração oficial. 1944 foi então o ano escolhido para dar luz verde à produção da energia que viria a oferecer cada vez mais conforto à casa dos Lisboetas. Mas por pouco tempo…
Em 1957 foi criada a Sociedade Portuguesa da Petroquímica. A partir de então, a produção de gás passou a ocorrer por via de produtos refinados do petróleo, em vez do carvão como acontecia na Matinha. Isto ditou o declínio precoce da Fábrica.
Uma alteração que também fez extinguir a profissão de acendedor de candeeiros, uma tarefa muito importante no século XIX e primeira metade do século XX em Portugal. Eram eles que, com o seu engenho e arte, acendiam, um a um, os candeeiros a gás das vilas e cidades. Em Marvila, perto da Fábrica de Gás da Matinha, esta profissão prosperava até ao encerramento da Fábrica.
Parada, sem razão de ser, rapidamente se assistiu ao deterioramento das instalações. Em 2007 foi decidido demolir o que restava da Fábrica, deixando apenas de pé os 4 Gasómetros que ainda hoje podem ser vistos num passeio pela zona oriental de Lisboa.