“Era uma vez dois amigos que abriram um estúdio de música, outros amigos se juntaram para gravarem e ensaiarem as suas canções e juntos tocarão felizes para sempre”, é assim que Rui Rodrigues conta a história do Clube Capitão Leitão na sua página pessoal de Facebook.
O Vasco Magalhães e o Rui Rodrigues são, como os próprios dizem, dois amigos, músicos, que têm uma banda em comum, a For Pete Sake, e este projeto surgiu da necessidade desta ter uma local próprio para ensaiar. “Se vai ser um bom sítio para nós, de certeza que também seria bom para os nossos colegas músicos poderem usar esse espaço”, adianta Rui. E foi esta a linha de pensamento que deu origem ao Clube Capitão Leitão, na rua com o mesmo nome, de Marvila.
A chegada à Phosphoreira
Vasco e Rui já passaram por vários locais de ensaio, mas nunca nenhum dos sítios satisfazia em pleno as suas necessidades, nem ia de encontro aos seus sonhos e expetativas. Com o passar dos anos começaram a sentir que tinham de ter o seu próprio espaço: “um local onde pudéssemos ter o controlo da ocupação do espaço, do que é que podíamos fazer ou não lá, dos horários, para conseguirmos evoluir e crescer muito mais rapidamente”, descreve Vasco.
“O último sítio oficial onde estiveram foi em Loures, numa parceria com o João Só”, acrescentou. A ligação ao Braço de Prata surgiu com o trabalho de Vasco com Manuel Fúria e os Náufragos: “nós ensaiávamos na rua da Fábrica do Material de Guerra, num armazém velho, mas começamos a perceber que o espaço estava muito degradado e não tinha condições para o armazenamento do material devido à humidade. Para além disso o espaço vai ser vendido e acabamos por ser escorraçados dali”, confidenciou.
Na busca pelo sítio perfeito, Marvila estava no topo das preferências por ter espaços grandes e por todo o movimento cultural que tem havido na zona oriental. E foi em novembro de 2016, em conversa com o arquiteto da MUSA, que decidiram ver um espaço na Phosphoreira “Vimos vários espaços e o armazém do número 1-A da Rua Capitão Leitão, era o local que, pela própria configuração do espaço, cumpria melhor os nossos interesses”, concluiu Vasco. E foi neste espaço que nasceu um novo cowork de músicos.
Uma comunidade de músicos a nascer em Marvila
As instalações do Clube ficam nos antigos balneários e dormitórios da antiga Fábrica de Fósforos. Os dois jovens músicos meteram mãos à obra e em 2017, durante vários meses, reformularam todo o interior do edifício adaptando às próprias necessidades. O objetivo passava por oferecer um espaço às pessoas para puderem trabalhar, “um escritório para músicos”, rematam.
No piso térreo têm uma pequena cozinha, uma sala de arrumos, uma sala de estar, uma casa-de-banho e uma sala de gravação. A sala de gravação com baixos, baterias, guitarras e um emaranhado de fios elétricos é onde passam a maior parte do tempo, é onde trabalham no dia a dia.
Subindo as escadas, encontramos uma sala que está dedicada exclusivamente a um grupo de produtores de música e djs, mais duas salas de ensaios, a vermelha e a azul. Os espaços têm sido revitalizados ao longo do tempo, ainda há um caminho a percorrer, continuam a investir na insonorização e na acústica dos espaços para reunir as condições ideais de trabalho.
Um Clube de sócios e amigos
O Clube Capitão Leitão funciona como uma Associação, onde há sócios e quotas mensais que são pagas consoante as necessidade de utilização do espaço. Vasco e Rui são os diretores do Clube e garantem as boas condições do espaço, asseguram a manutenção e segurança do espaço.
Aquando da entrada de um novo sócio assinam um “manual de normas” com um conjunto de regras e informações base do Clube que compromete ambas as partes para uma salutar convivência entre todos.
O serviço normal do Clube passa por fornecer um espaço a outras bandas, ou a outras pessoas que queiram desenvolver o seu trabalho na música. Mas estes jovens empreendedores querem mais: “Para além de vender horas de ensaio, através do pagamento de quotas, queremos agora apostar no estúdio de gravação, e aproveitar todas as bandas que aqui estão para ajudar o Clube a crescer. Neste momento já estamos a precisar de mais espaço o que é um bom indicador, mas temos que ir devagar”, confidenciou Vasco.
Dar música a Marvila
São provavelmente o único espaço que funciona neste modelo em Lisboa. Quem conhece gosta e acredita que é um projeto vencedor, muito vantajoso para quem quer trabalhar a sério na música.
Marvila recebeu-os de braços abertos. “Temos uma ótima relação, quer com os vizinhos que já cá estavam, quer como os que chegam todos os dias.” Para Rui e Vasco, Marvila já está na linha da frente no que à cultura diz respeito na cidade de Lisboa, e o Clube Capitão Leitão quer continuar a crescer junto com o bairro.
Isto é música para os nossos ouvidos e para toda a comunidade marvilense, claro.
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[…] Fúria tem a sua atual sala de ensaio no Clube Capitão Leitão, em Marvila. Produtor, editor, compositor e músico, a sua vida profissional sempre esteve ligada […]