Abel Pereira da Fonseca foi um dos mais importantes empresários portugueses do século XX e o seu império chegou mesmo a ocupar praticamente um quarteirão inteiro no centro de Marvila, dedicado à produção, comercialização e distribuição de vinhos e licores. Rume a Orientre para conhecer esta história.
Tudo começou em 1907, com a abertura das primeiras instalações em Xabregas. Demasiado pequenas para fazer face à procura, a Abel Pereira da Fonseca parte de malas e bagagens para a rua do Amorim passados 3 anos. A partir dessa altura, o negócio entra numa fase de expansão ainda mais rápida e assim será durante muitos e bons anos.

Figura 1- Sociedade Abel Pereira da Fonseca (Blog “Restos de Colecção”)
Um dos segredos do sucesso residia no Tejo. O rio funcionava como meio de transporte privilegiado, tanto que a Abel Pereira da Fonseca chegou mesmo a ter uma pequena doca privada para ajudar a escoar os produtos mais rapidamente. De resto, a importância do Tejo no dia-a-dia da empresa era tanta que o seu logótipo mostrava uma pequena embarcação a navegar pelas águas serenas do rio.
Em 1930, esta casa comercial era a maior de Lisboa e as instalações da Abel Pereira da Fonseca transformaram-se numa pequena “vila” devido à ininterrupta expansão dos seus armazéns. No interior, além do Vinho e dos licores, também se produziam Azeite e Vinagre. As marcas de Vinho mais famosas da Abel Pereira da Fonseca eram a “Sanguinhal”, “Menagem” e “Valdor”, e por toda a Marvila era comum ouvir-se a expressão “Já cheira a carvalho das aduelas e a vinhos de armazém”, referência à constante produção da empresa.
Foram também pioneiros na forma como chegavam às pessoas. Em meados da década de 50, criaram o conceito de “Mercearias”, estas eram pequenas lojas que, além de fazer atendimento ao público, também tinham um serviço de “estafetas” para entregas ao domicílio. O sucesso foi tão grande que, nos anos 70, a rede de Mercearias ascendia às 140 unidades.

Figura 2- Sociedade Abel Pereira da Fonseca (Blog “Restos de Colecção”)
Em 1982, a Abel Pereira da Fonseca chegou mesmo a ser a segunda maior empresa de comercialização de vinhos no nosso país e empregava várias centenas de pessoas (pelo menos 1.200).
Na década de 90, a produção terminou e parte das instalações foram cedidas ao município de Lisboa, incluindo o edifício mais caraterístico da Abel Pereira da Fonseca que ainda hoje encanta os moradores. Foi assinado pelo arquiteto Norte Júnior e recuperado na altura da Expo 98 para fazer parte do projeto “Caminho do Oriente”, que adaptou vários edifícios históricos da zona oriental a espaços culturais. Hoje, serve como casa para os restaurantes do famoso Chef Chakall.