Manuel Fúria é o sócio número 3 do Clube Capitão Leitão, depois de Rui e Vasco os seus fundadores.
Manuel Fúria tem a sua atual sala de ensaio no Clube Capitão Leitão, em Marvila. Produtor, editor, compositor e músico, a sua vida profissional sempre esteve ligada à música. Começou a tocar cedo e aos 13 anos teve a sua primeira banda. O artista prepara agora com a sua banda “Manuel Fúria e os Náufragos” um novo disco cheio de novidades.
“Eu tenho bandas desde que me lembro”, Manuel Fúria
Não viveu sempre em Lisboa, apesar de cá ter nascido, foi ainda bebé para Santo Tirso. “O meu avô, pai do meu pai, era músico, o meu pai era colecionador de discos, os meus irmãos mais velhos também sempre ouviram muito boa música e isso como é óbvio influenciou-me,” considera Manuel Fúria. Para o músico tudo aquilo que as pessoas fazem é marcado pelo seu
percurso, “cresci numa pequena cidade e isso condicionou a maneira como vejo o mundo, o que sou, a minha personalidade e o meu modo de trabalhar artisticamente”, reforça.
Mudou-se de Santo Tirso para Lisboa quando veio estudar, com 18 anos, primeiro Filosofia, depois Cinema, com a música sempre presente. “Continuei sempre a ir tendo bandas e houve uma que eu roubei, “Os Golpes”, na altura eram os “Quatrocentos Golpes”. Começámos a ensaiar em 2005 e em 2009 saiu o primeiro álbum, que é lançado pela editora que eu fundei com alguns amigos, chamada Amor Fúria”, lembra o artista.
Começou então oficialmente a sua carreira n’Os Golpes e, como disse, fundou em 2007, a Amor Fúria, Companhia de Discos do Campo Grande, um projeto que durou quase dez anos. Quando a banda suspendeu a sua atividade em 2011, havia já um projeto paralelo que continuou a existir e a crescer “Manuel Fúria e os Naúfragos”, que é atualmente a sua principal atividade.
“Viva Fúria” é o mais recente trabalho de Manuel Fúria e os Náufragos
A defesa de uma identidade própria assumindo as origens, e defendendo a língua portuguesa acaba por marcar o percurso de Manuel Fúria. Relembra que, sobretudo entre 2008 e 2012, reacendeu-se o debate sobre a música portuguesa: “nós sempre fizemos questão de trabalhar com artistas portugueses que considerássemos que fossem peculiares, bandas que refletissem o seu bairro, ou região, com uma identidade local fortemente marcada.” Para Manuel , enquanto músico, não faz sentido fingir-se ser o que não se é: “Nunca quisemos parecer que éramos uma banda que veio de Nova Iorque ou de Londres,” sublinhou.
O mais recente álbum é “Viva Fúria”, o segundo a solo que Manuel Fúria lança, juntamente com os seus Náufragos, a banda que o acompanha. Depois de um primeiro disco “épico”, “Manuel Fúria Contempla Os Lírios do Campo”, de 2013, segue-se este marcado pela simplicidade. Deste disco fazem parte temas como “20.000 Naves”, “Cala-te e Dança” ou “Canção Infinita”.
A ligação a Marvila e ao Clube Capitão Leitão
A primeira vez que esteve em Marvila foi em 2002 no teatro da Garagem. Passados alguns anos organizou alguns eventos na Fábrica do Braço de Prata e em 2011 começou a ensaiar com a sua banda Manuel Fúria e os Náufragos num armazém aqui de Marvila. “Sempre gostei desta zona com este ambiente muito característico”, acrescentou.
O armazém onde ensaiavam não tinha as melhores condições, era velho, húmido, e alugado, o que não permitia um investimento na recuperação do espaço e por isso acabaram por ter de encontrar uma alternativa. Em 2016, Vasco Magalhães veio tocar bateria para a banda e liderou esta vontade de encontrar um novo espaço: “É um tipo que faz as coisas acontecerem. Pôs-se em campo à procura de um novo sítio para ensaiarmos e acabou por encontrar aqui bem perto, e ainda bem pois não me apetecia nada sair daqui “, relembra o artista. O Clube Capitão Leitão é então a atual segunda casa de Manuel Fúria: “fui sempre acompanhando o processo, devo ser o sócio número 3 depois do Rui e do Vasco”, brinca Manuel Fúria.Manuel Fúria e os Náufragos estão agora a trabalhar num disco novo, ainda sem data de lançamento, e claro estão com muitas expetativas. “É um projeto diferente, estamos a usar instrumentos que nunca tínhamos usado, caixas de ritmos e coisas mais eletrónicas, e está a dar-nos muito gozo trabalhar nele”, confidenciou Manuel Fúria.